Campo de pesquisa

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Esteja SEGURO!

Não se trata mais da altura ou distância que se salta. Medidas, recordes, não fazem parte do que realmente importa pra mim. Não mais. No momento em que preciso de determinadas habilidades, recorro somente a uma única coisa: Segurança.

Lembro de um salto
que fiz enquanto estive em Brasília (foto ao lado)
que me fez pensar BASTANTE sobre como eu estava conduzindo meus exercícios, meus treinos. Bem, não faço ideia da altura (talvez 4m ou 5m) nem da distância (de onde eu pretendia sair, para onde eu pretendia chegar), mas sei que a altura me causava vertigens e a distância era algo que me deixava com várias dúvidas.

O salto foi cogitado pelo meu grande amigo Mauricio Roboredo, no segundo dia do Partour Brasilia (19/06/2009), o qual mencionou a descoberta de um outro rapaz e amigo, Filipi "Polônia" Luiz Trajano. Fiquei excitado com o que contaram sobre o salto, então decidi averiguar.

Fiquei, no mínimo, estarrecido/embasbacado/extasiado/empolgado/excitado/motivado com o que vi. Filipi dizia "esse é meu sonho de consumo!", naquele momento eu entendi o por quê. Pulei a cerca que divide o jardim interno da área onde estávamos do local do salto. Senti, instantaneamente, minhas mãos começarem a transpirar e meus pensamentos acelerarem em inúmeras auto-projeções executando de várias maneiras o salto que estava a minha frente. Fui obrigado a me sentar na marquise, já que a vertigem, por ficar de pé na borda a fim de observar melhor o salto, não me deixou escolha. Passei alguns longos 5 ou 7 minutos sentado ali, não sei ao certo. Pensava, entre várias outras coisas, que se eu não fizesse, talvez nunca chegasse a fazê-lo, "a árvore está viva, cara, da próxima vez que vier aqui o salto será impraticável!" eu dizia pra mim mesmo, tentanto de forma deprimente algum tipo de encorajamento.


PAUSA.


Algumas semanas antes de ver o salto falado a cima, do comentário do Mauricio ou mesmo do Partour, estava eu, no parquinho da 303 sul (durante a tarde), trainando saltos de precisão com Breno Metre (um irmão a quem responsabilizo como coadjuvante por muitas das maiores e mais valiosas lições de vida que já tive) e um outro amigo e irmão, tão valioso quanto, Mauricio Roboredo.

Lá existem várias coisas que fazem meus olhos brilharem. Coisas simples, do jeito que eu gosto. Entre tantas, um salto que ainda não tinha feito, de uma plataforma vazada cilíndrica, feita de tubos multicolores, para uma plataforma cimentada, com uma distância consideravelmente boa (foto ao lado).
Bem, a primeira vez em que me propus a realizar o movimento, pedi o auxílio de meus companheiros, mais precisamente do Breno. Realizei o salto sem muitas dificuldades, apesar da apreensão que prenunciava um possível acidente, tudo correu bem.
Nos dias que se seguiram, treinei bastante o salto. Me senti seguro a partir do segundo, pra dizer a verdade, depois foi apenas repetir e diminuir cada vez mais o "momento lúcido" que precede o salto. Chamo de momento lúcido pois é o momento que mais racionalizamos (e que ao mesmo tempo nos enchemos de temores/medos, o que acaba sendo contraditório), medimos mentalmente, nos precavemos, executamos mil vezes o que estamos prestes a fazer, só que em nossa mente. E em uma semana, depois de passar tardes treinando, depois de ter repetido o que considerei o suficiente, eu subia e fazia o salto, sem problemas, tranquilo. Já não pensava como antes, estava seguro.


DESPAUSA.


Comecei a frequentar o local do salto como se namorasse com ele. Fui poucas vezes na verdade, mas das vezes que fui, o tempo se alargava, e lá eu ia, repetir mentalmente o que queria realizar. Imaginei várias coisas, dentre elas, ir para onde não gostaria de ir, para o chão. Esse era meu pior medo. Não conseguia imaginar o que poderia acontecer comigo despencando daquela altura, mas sabia que ossos se quebrariam, NA MELHOR DAS HIPÓTESES. Em momento algum eu parei e pensei: "pra que me arriscar tanto?". Eu sabia que não tinha melhor maneira de ir para aquela árvore se não por ali. Aquele era o caminho mais rápido e nunca ninguém havia feito aquela trajetória antes, nem mesmo pra me dizer que tipo de sensação era.

Mas em algum momento das vezes que fui, lembrei dos treinos na pracinha da 303 sul. Ao observar o salto com mais atenção, conseguia ver uma enorme semelhança em suas dimensões, que eram teoricamente as mesmas, mas suas variantes não eram muito encorajadoras.

O ponto de saida é perfeito, uma pedra de granito (ou concreto bem plano e não escorregadio, não lembro ao certo), e as boas notícias terminam ai. A trajetória é a distância apontada pela foto, no início do tópico, e a altura também é notável. O ponto de chegada é até menos animador que qualquer outro salto para uma árvore já feito por mim, em meus poucos anos de treino. Nunca tinha passado por uma situação como aquela. Não naquelas dimensões.

O ponto de chegada do salto é um absurdo pra quem pára e analisa a primeira instância, apesar de que para meus amigos, Maurício e Polônia, a chegara é perfeita. A princípio, procurei pensar como eles até como mecanismo motivacional, mas também não funcionou muito bem, tal como pensar que a árvore continua a crescer. Uma vertente do tronco (algo que eu não ousaria chamar ainda de galho), tão grosso quanto algumas das árvores das proximidades, e uma base plana com o diâmetro um pouco maior que uma bola de tênis, onde um galho havia sido cortado, fazem parte da área que utilizei para finalizar o salto. Ao menos tentar finalizar.

Após alguns dias dizendo para o Murício que era possível e que eu iria executar o salto em breve, aproveitava para me lembrar que a integridade que estava em risco era a minha e utilizava a seriedade que estava lidando com aquela situação para treinar o salto com as dimensões mais próximas daquele que executaria, no caso, o salto da 303 sul.

Treinei durante alguns dias na 303 como se não houvesse chão. Em um certo domingo, eu e Maurício marcamos de nos encontrar e treinar no setor comercial sul. Acabei conhecendo um rapaz muito boa gente chamado Guilherme, o qual nos fez companhia durante todo o dia. Após uma manhã de treino com os rapazes, e já com o corpo quente, decidi enfrentar mais uma vez o salto e saber se o chão havia se aproximado. Ilusão. Ele continuava lá, tão distante quanto antes.
Os guardas do local não permitiram que eu me posicionasse do lado de fora da cerca, pois era perigoso. Retornei a parte de dentro. A essa altura, eu já tinha pedido para os rapazes descerem. Mauricio se posicionou para registrar o momento e o Guilherme, a pedido meu, ficou logo abaixo do trajeto do salto, afim de me prestar socorro e/ou evitar qualquer lesão grave no caso de alguma fatalidade e/ou possível queda abrupta.

Naquele momento eu estava tenso, queria que tudo terminasse logo e que eu conseguisse realizar o salto. A excitação do momento fazia minhas mãos suar e meu coração acelerar. Pra liberar a adrenalina eu pulava no mesmo lugar, batia as palmas da mão com força para "acordar" e ficar atento. É incrível o quando o mundo parece opressivo quando nos colocamos a prova. Nenhum lugar é confortável. Mas eu descobri um naquele instante.

Eu não precisava olhar ao redor, não era ao redor o lugar para onde eu ia. Não era para o chão nem para as mãos do Guilherme, lá em baixo. Eu tinha um objetivo, e era chegar onde eu tinha treinado pra chegar. Já tinha feito aquele salto muitas vezes, apenas não era tão distante do chão assim, mas não era o chão que importava naquele momento. Foi quando me dei conta de que eu estava seguro, eu tinha as ferramentas pra concluir o trajeto sem me causar danos.

Dei o sinal para o Maurício, pulei a cerca e foi o tempo de por os pés na borda da marquise, olhar o lugar e ir. Foi uma sensação nova, devo confessar. O salto em si foi uma experiência nova. O tempo parecia andar mais devagar e justamente por isso tive tempo de alterar e concertar o lugar onde eu deveria por os pés para frear o salto. Infelizmente não correu tudo tão bem como o esperado. Nesse dia aprendi que as árvores descascam da forma mais dolorosa possível.

No momento em que toquei com os pés na árvore, o pé direito o qual direcionei a base onde o galho havia sido cortado, freou instantaneamente, o que me possibilitou ser instintivo e me proteger sem perder meu único ponto de apoio. Tive que improvisar, já que no instante em que cheguei e toquei na árvore, meu pé esquerdo descascou toda a parte em que tocou, torcendo-o de forma agressiva. A inércia me manteve em velocidade e tive que me segurar da forma que pude pra não cair dali. Foi um breve momento de "agora eu preciso me salvar" e fui puramente instintivo. Me segurei como pude, da forma que dava. Cheguei. Consegui.

Meu pé esquerdo começou a doer muito, assim que eu parei. Ainda em cima da árvore eu aguardei alguns instantes e desci, sem maiores dificuldades. Havia torcido o tornozelo como nunca antes. Foi a torção mais forte que eu já consegui. Inchou com uma velocidade surpreendente, mas hoje já estou bem. Enfim, aprendi muito com tudo isso.

Hoje não me importam mais distâncias ou alturas, elas não são mais o foco. Perdi a fluência também, e quer saber? No fundo não é isso que eu busco. Parece que estou voltando ao início... de novo, em busca da minha busca. Experienciando da forma mais incisiva o que cada momento tem a me oferecer, o que cada movimento me ajuda a expressar.

A segurança que eu tenho nos movimentos que eu sei que consigo executar fazem parte do que chamo de medidas imensuráveis. São medidas muito particulares que só com a repetição nos tornamos íntimos. Medidas que fazem parte de cada movimento executado, sejam explosões com os braços e pernas, seja o período em que passamos repetindo determinado movimento, seja a distância que conseguimos saltar com corpo frio ou quente. São aquelas medidas invisíveis que vemos quando queremos. Distâncias, impulso, força.

Nisso eu tenho segurança.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

10000 em 1




Chega ser cômico dizer algo como “a definição inibe a criatividade”, pelo simples fato de uma convergir na outra.

O que posso fazer, hã? Afinal, tudo o que escrevo aqui são minhas opiniões, passivas de mudança a qualquer momento. Mudança, interessante palavra. Onde não a encontramos? Em que tempo não a encontramos? Até o tempo muda. Nunca existiu antes a hora de agora, no dia de hoje, no mês que nos encontramos no ano de 2009, nem nunca existirá novamente. A mudança é eterna. Paradoxal, mas verdadeiro. E a definição, onde se encontra?

A definição é uma ilusão, uma mera criação humana para manutenção de uma lembrança a qual remete a idéia feita, previamente, sobre determinado objeto em estudo/observação. A definição, em si, não existe. O que hoje é, nem sempre foi ou continuará sendo. A criatividade é a capacidade de não definir; de não estipular forma ou idéias sobre determinado objeto em estudo. É simplesmente olhar com os olhos da essência, não da forma; é extrair todo e qualquer conceito ligado ao nome.

Se você está caminhando, não está correndo; se está escalando, não está escorregando ladeira a baixo; se está nadando, não está saltando. Mas em todo caso, você está se movimentando.

Alguns gostam de esbravejar questionando o porquê aquele ou aquele outro não se define, não se enquadra em uma idéia para que possamos trabalhá-lo/criticá-lo. É como se não bastasse ter só a pizza, você precisa saber o nome, a origem, o gosto e etc, de cada ingrediente para comê-la. Não me entenda mal. Acredito que o senso crítico seja benéfico quando amplia nossos horizontes e maléfico quando nos restringe, apenas isso.
Ao observar uma bela pintura de uma paisagem, em um quadro, vemos rios, o céu, flores, etc. Ao nos aproximar, vemos apenas o rio e o céu. Nossa visão já não alcança mais as flores em sua margem. Ao encostarmos nosso nariz, de tão próximo, já não vemos mais uma bela pintura, ou rio, ou céu, agora vemos apenas pinceladas coloridas em uma tela. Inúmeras pinceladas amórficas e multicolores, unidas por um motivo desconhecido que até então parecem mais nos levar a desorientação que deleite visual. Essa seria a sensação da definição na falta da consciência através do observar essas multiplicidades pela unidade, a qual, em meu exemplo, toma forma de uma bela pintura de uma paisagem.

A mudança é eterna; a definição temporária; a criação um estado. Ter consciência de todas as anteriores é ver o quadro de longe e o 10000 em 1.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Adapte-se

Não tenho a pretensão de ser herói de ninguém, afinal eu sangro, tenho fraquezas, sinto fome e sede e um dia vou morrer. Tão pouco ser tomado como referência, afinal sou igual a todas as gotas d`água nesse vasto mar que chamamos de humanidade, ou sequer inspiração, cada um sabe o potencial que tem e a moeda que teve que pagar (e paga) para chegar onde está. Anseio apenas ser veículo do que acredito, falando através da ação; exemplificando no concreto o que creio no abstrato.
Não obstante de minhas limitações temporais e espaciais, e no intuito de expressar efetivamente o que sou, tenho consciência da "utopia" que insisto em chamar de realidade; de busca. Minha inquietação é meu combustível mais fiel, e o sentimento, nutrido pela consciente ausência intermitente da razão, é a centelha que me mantém em movimento. Movimento esse que põe à prova tudo o que sou, maturando minha sensibilidade; evidenciando com nitidez e renovando as cicatrizes em minha honra, comprometimento e integridade, polindo minhas habilidades e me pondo continuamente face à tudo que me faz lembrar que sou humano; que sou vulnerável. O que me faz lembrar que vulnerabilidade é indubitavelmente atrelada a algo que chamam de evolução.

Não acredito que evolução seja boa ou ruim; rápida ou lenta; sua ou minha. Não acredito que o que chamam de "evolução" esteja situado no tempo ou no espaço; que tenha gênero ou cor de pele; que seja animal ou vegetal; positivo ou negativo. Acredito apenas que seja uma maneira de nos mantermos vivos (o que em breve contradirei) através da capacidade de nos adaptarmos, seja ao clima, às pessoas, aos sentimentos, aos efeitos físicos (prazer e dor), aos efeitos financeiros e a toda e qualquer circunstância que nos deparemos enquanto vida tivermos.

Não tenho dúvidas que a morte seja apenas mais um estágio de nossa constante adaptação/evolução. Adaptação essa gerada pela necessidade débil de mantermo-nos com vida.

Quanto temos medo, adrenalina é lançada em nossa corrente sanguínea, o corpo aquece e ficamos em estado de alerta, sensíveis a tudo/com os sentidos aguçados; quando sentimos frio, nossos músculos se contraem e expandem afim de aumentar nossa circulação e consequentemente aquecer o corpo; quando sentimos calor, suamos afim de nos resfriar; quando nosso corpo carece de energia ele economiza, isso é automático, é inconsciente. E quando tal economia não é o suficiente para a manutenção do mesmo, o desligamento é inevitável.

Acredito que a palavra "evoluir" seja apenas uma maneira de dizer que algo ou alguém se adaptou, ou se condicionou, a alguma coisa ou situação. Não que isso seja bom ou ruim, é apenas adaptação, a mais pura expressão da flexibilidade. Nos adaptamos tantas vezes durante nossa vida que deixamos de perceber sua ocorrência e torna-se tão evidente quanto o número de vezes que piscamos durante um dia.
Evoluímos, nos adaptamos, mudamos, nos flexionamos, nos entendemos e esquecemos, erramos e acertamos, e é isso que nos faz sermos nós mesmos.
Melhores? Piores? Hoje? Em 10 anos? Isso já não importa.

Somos o que somos, mas estamos quando devemos estar, do jeito que precisarmos estar, até quando for necessário e possível estar daquela maneira.

sábado, 19 de setembro de 2009

Bloqueio Mental?


O bloqueio mental, como o nome mesmo nos diz, é um impedimento, uma limitação no âmbito subjetivo/psíquico. É algo que nos impede de realizar alguma atividade em particular. É um mecanismo involuntário do nosso organismo ativado em momentos de possível agressão a nossa integridade, seja ela física ou moral.

Mas qual é a origem desse bloqueio? De onde ele surge? Por que ele surge?

O bloqueio é análogo ao medo no sentido de proteção/prevenção/providência, mas não são a mesma coisa. O medo é mais abrangente, contempla atividades desconhecidas pelo indivíduo, assim como as pouco experienciadas. Embora o medo exerça, teoricamente, o mesmo papel que o bloqueio mental, não devemos confundi-los. O bloqueio mental é restrito às atividades de poucoa experiência, aquelas que já tivemos o primeiro contato mas que não a desenvolvemos.

Deixando a impessoalidade um pouco de lado, serei bem franco e falarei de acordo com o que acredito:

Não acredito em bloqueio mental.
Penso que o bloqueio nada mais é que uma criação ilusória de quem se propõe a alguma atividade, atendo-se as possíveis falhas que podem vir a ocorrer por conta da falta de experiência e/ou falta de confiança em suas atribuições.
O não-crer na possibilidade de acerto gera uma insegurança enorme. Essa insegurança, por sua vez, é transferida aos movimentos, sejam eles verbais, mecânicos, gramaticais, etc, aumentando assim a possibilidade de erro e potencializando, de maneira crítica, a ação do medo.
Não há o que pensar. Ou você consegue ou não consegue. Seu corpo, intuitivamente, saber responder a essa pergunta, e sabe, instintivamente, agir em prol do desenvolvimento eficaz daquela atividade.

Devemos nos ater ao que realmente importa e não as possíveis ocorrências. Devemos nos segurar não na atividade em si, mas nas ferramentas que possibilitam a conclusão correta daquela atividade.

Uma pessoa que escala a 20 anos não é boa porque escala a 20 anos, mas porque tem confiança na ponta de seus dedos e sabe o suficiente sobre si para dizer até onde a energia de seu corpo e a força que consegue empregar pode leva-la.

Nossos corpos são conjuntos de ferramentas que possibilitam inúmeras formas de expressão. Nosso dever é nos conhecer o suficiente para confiar nessas ferramentas. Acreditar em sua capacidade através do conhecimento experienciado é saber, no íntimo, suas possibilidades e impossibilidades.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sobre o desenvolvimendo do movimento particular

Qual a essência do desenvolvimento? (o que faz o desenvolvimento ser desenvolvimento, e não outra coisa?)

Essa pergunta, que nos faz refletir sobre o que, como e quando nos movimentar (vide os textos anteriores - Espontaneidade: Movimento & Forma e Síntese sobre a Inércia do Movimento Universal), é muito importante, pois ela nos aponta um norte, nos instiga a encontrar um caminho ao qual percorrer. No momento em que se pensa em desenvolvimento, é quase que inevitável pensar em melhoria, aprimoramento e progressão. Contudo, não se trata unicamente de melhorias, aprimoramentos e progressões, mas de regressões, erros e inúmeros momentos de fraqueza. Estar consciente, mesmo sem, talvez, estar preparado para eles, nos permite desfrutar com melhor desenvoltura de cada momento, seja ele agradável aos nossos resultados almejados ou não.

É possível entender o desenvolvimento através de uma espiral. Ao observar seu ponto de partida, é de se analisar que se trata do lugar onde habita o vazio, exemplificado pelo “0”. O simples habitar do vazio, trás a oportunidade de preenche-lo de inúmeras formas, e é através disso que o desenvolvimento, por algum motivo e em algum momento, se inicia. Suponhamos então que as experiências, o conhecimento de mundo e de si, sejam exemplificadas pela progressão numérica “1”, “2”, “3”, "4" e assim sucessivamente. Embora esteja clara a progressão, que de certa forma é inerente ao desenvolvimento, não é explicitado onde as regressões, também tão inerentes quanto, se mostram presentes. Como observado, a espiral há de crescer, contudo, conforme a progressão toma forma e extensão, aproxima-se cada vez mais da regressão, ou seja, do momento base (retorno a raiz / recomeço), o regressar ao "0".

"Quanto mais vazio conter, mais substância é agregada"

Refletindo sobre o aforismo acima, é possível compreender, com certa amplitude, a essência do desenvolvimento. Quando fala-se em regressão, nada mais é que o retorno a onde tudo teve início, o "0". Para que a substância seja armazenada, é necessário um recipiente, e ao observarmos a espiral, atentando para onde a inclusão/progressão da substância tem seu fim, observamos o "0", "00", "000", e assim por diante. Antes e depois do que se consideramos substância, a única necessidade é o vazio, aquilo que não é substância, o recipiente não delimitado.

O desenvolvimento é dado de forma paulatina, seguindo seu curso natural. Não existem atalhos ou formas boas. O desenvolvimento é o que é de acordo com sua substância.

Algumas particularidades de um todo, que conhecemos como desenvolvimento, podem ser citadas, e essas serão meu foco de dissertação a seguir. A falta de uma das seguintes, fada o desenvolvimento à frustração do fracasso e/ou estagnação.

--> Paciência:
Um valor que poucos cultivam. Nos ajuda a compreender que cada coisa, em sua singularidade, tem seu tempo e ritmo.

--> Força:
A palavra toma um significado ampliado. A capacidade de transpor momentos de fraqueza tornam-se parte da maioria, se não todos, os momentos em foco.

--> Flexibilidade:
Algo necessário para que exista independência. A liberdade é intimamente ligada a flexibilidade em seu mais amplo sentido.

--> Equilíbrio:
Após tomar conhecimento de ambos os lados, procurar manter-se no meio, tendo consciência de que o equilíbrio não existe por si só, mas que é apenas uma palavra que define a ideia que refere-se ao estado de compensação. Serpenteando entre os extremos (os lados).

--> Economia:
Economia nos remete ao que é suficiente. Nos indica o quanto devemos manter de energia para que perduremos em nossas atividades e consequentemente galguemos o desenvolvimento.

--> Motivo:
A importância primeira para o desencadear de tudo o que se tem conhecimento. Sem esse último, todas as atividades são vãs/vazias.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sobre a Suficiência

Essa questão surge aos montes camuflada de diferentes formas. Para que se possa entender o termo, é necessário uma busca interna e perspicaz com relação aos nossos excessos. "O que consideramos excessivo?" devemos perguntar a nós mesmos, antes de mais nada. Contudo, mesmo antes de observarmos o excesso, devemos atentar para o dualismo expresso, seja nas coisas tangíveis ou intangíveis, seja no tempo ou no espaço, pois é esta atuante que determina o que é e o que não é suficiente.



A Dualidade:

A dualidade presente no universo tem sido observada através da reflexão por apenas alguns poucos milhares de anos. Não dissecarei teses, mas sim a ideia que algumas delas transmitem e o que minha própria experiência saboreou.


A cada momento de nossa vida, a cada gesto, um simples piscar dos olhos ou no bater do coração, a dualidade se encontra presente. De forma sintética, a dualidade são opostos de uma mesma coisa, tal qual os pólos de um imã. Mas peço que essa não seja tida apenas como a única maneira de observa-la (através de objetos materiais). A dualidade também está presente nos sentimentos (amor e ódio) e até mesmo no tempo (passado e futuro). A dualidade é algo que, apesar de não ser exatamente alguma coisa, é de abrangência universal.


Existe uma parábola, a qual tenho grande apreço, que procura transmitir a essência e o início da dualidade e do universo o qual conhecemos (pouco) hoje. Procurarei resumi-lo através de um breve conto alegórico.


"Houve um tempo onde uma grande rocha, a qual continha tudo o que se pode conter, e até mesmo aquilo que não se pode, resumia em sí os antagonismos do universo, apaziguando-os em uma única morada. Era a materialização do pleno e casa da irrefutável verdade. Contudo, por algum motivo, a rocha se partiu, fragmentando-se propiciando o afastando cada vez mais ténue de seus inversos. Desde então, a rocha, apesar de despedaçada em inúmeras partes, ainda anseia em ser majestosa como anteriormente, apesar de não possuir mais a consciência única. Nesse momento, a unidade tornou-se múltipla e sua multiplicidade, em sua essência, é uma só. O afastamento faz com que os antagonismos perpetuem uma guerra entre si objetivando essa prevalência. Quando estamos aqui, não estamos alí; o claro afasta o escuro; o que aconteceu, não acontecerá; a vida repudia a morte e a morte rejeita a vida, mas ambos os opostos fazem parte de um mesmo caminho."


Aos que, assim como a onda que foge do mar e em outro momento retoma a unidade, se dispuserem a reunir a consciência do uno através da multiplicidade em tudo e no nada, serão capazes de alcançar a liberdade e a paz.




O Excesso:


O excesso pode ser entendido como a falta de exercício de uma virtude chamada temperança, ou moderação. "Mas moderação de que?" há de se perguntar. É possível fazermos um paralelo excesso-dualismo, tendo como base o que foi abordado anteriormente. Até onde pudemos observar, o dualismo se manifesta através de extremos/radicais o qual chamaremos aqui de excessos. Excessos tanto na falta quanto na abundância. Vejamos um bom exemplo:


Quando se propõe a andar de bicicleta, tem-se duas opções para continuar no curso: ou pendemos para o lado direito, ou pendemos para o lado esquerdo. Mas nenhuma das duas opções são viáveis enquanto quisermos continuar pedalando em cima do veículo, pois o excesso de uma ou de outra ocasiona um acidente, um erro, interrompendo e pondo um fim em nossa jornada.


Não esqueçamos que o excesso é a expressão da dualidade, a qual não podemos nos desvencilhar a não ser por meio da consciência. Contudo, apesar de ambas estarem presentes no contexto universal, onde uma é subordinada a outra, apenas o excesso pode ser domado pela ponderação, afim de que a verdade nos mostre sua face a tanto obscurecida pelos antagonismos.



A Suficiência:


"O suficiente é suficiente por si só."


A suficiência nada mais é que equilíbrio entre os extremos, é o desprendimento dos opostos, é a imparcialidade entre os excessos, é a não-falta somada à não-abundância. É o ritmo natural de cada indivíduo.


A suficiência é como a quantidade "X" de um líquido, despejado em um copo com um pequeno furo no fundo. Esse copo possui um ritmo de esvaziamento que deve ser respeitado, e no intuito de mantê-lo, na maioria das vezes, cheio, sem desperdiçar em um possível excesso pela abundância ou pela falta, despeja-se o líquido com paciência e cautela até seja percebido a velocidade que o copo se esvazia.

O encontrar do esvaziamento do copo com o preenchimento, exercido por quem procura a harmonia, chama-se suficiência.


O que era dual, agora é trino, e a moeda deixa de ter apenas dois lados.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Síntese sobre a Inércia do Movimento Universal

Bem, primeiramente, como podemos entender o movimento?


O movimento se subdivide em ação e reações, as quais podemos compreender como formas. De formas, podemos entender tudo aquilo que é expresso de maneira com que os sentidos e a razão possam captar, seja através do auxilio de ferramentas ou não. Tendo descoberto isso, podemos começar.


É possível observar, estudar e falar sobre o mundo em que vivemos atualmente, contudo, o que observamos hoje em dia (ciência, arte, escrita, armas de fogo, o tempo, o espaço, etc), não surgiu da noite para o dia, tão apouco sem motivo. Não aconteceu simplesmente por um acaso ou por uma mera aparição bondosa da sorte em um dado momento da história. A questão é: Qual o princípio originário de tudo o que se conhece? ...ou seja, por que?

É de se pensar que não existe impedimento em dizer que essa simples pergunta deu origem a tudo o que conhecemos, já produzido pelo homem. A busca pela resposta, através de inúmeras tentativas no início crítico da história da humanidade, foi capaz de, com o passar do tempo, se transformar em Filosofia e em seguida Ciência, fragmentando-se em outras tantas vertentes metodológicas de estudo, as quais foram, de certa forma, incubidas de colaborar com a compreensão mais apurada do universo em que vivemos e como vivemos. Mas ainda assim, a resposta não foi encontrada.


Desde a Antiguidade, onde a pergunta foi suscitada pelos primeiros críticos (ou pensadores Filosóficos, como queiram chamar), a humanidade passou por alguns outros períodos marcantes na história, onde a indagação permanecia sem resposta, contudo, a busca ainda era presente. Nos dias de hoje não é diferente, porém os benefícios que a Ciência trouxe à humanidade são inúmeros.


Voltemos a observação do movimento no universo e tudo o que nele consta. É possível perceber hoje, com uma maior facilidade fornecida a nós pela Ciência, que essa simples pergunta nem sempre foi tão simples assim. Todavia, para que entendamos com maior clarividência é preciso nos questionar o motivo do que acontece agora, nesse momento.

Se nos dispusermos a escavar a razão que nos leva a fazer as coisas no dia-a-dia, encontraremos outras razões mais profundas para tais atividades, as quais nos levam a outras mais profundas ainda, perpassando o início da humanidade, do mundo e do universo. Sim, é possível que a razão para que exerçamos qualquer atividade nos dias atuais esteja intimamente ligado com o princípio do universo, e é nesse ponto que anseio chegar.

Imaginamos com frequência que o motivo que nos leva a abrir uma geladeira em busca de um copo com água é a nossa sede. Não seria um tanto egoista e prepotende da nossa parte pensar que a razão para que desenvolvamos as atividades no nosso dia-a-dia seja fruto exclusivamente de nossa vontade e que com ela fazemos o que bem intendemos e quando queremos ao nosso bel-prazer?


Estamos em meio a um efeito-dominó, onde por vezes pensamos que o "cair de uma peça" é exclusivamente de vontade particular, sem pararmos para pensar que tudo o que acontece não acontece pela ação do acaso ou pela sorte, mas com uma razão, um motivo. Esses acontecimentos nada mais são que reações de uma ação inicial, que desencadeou o efeito, e a isso chamaremos de Inércia do Movimento Universal.


Remetendo-nos a um lugar onde ainda não é lugar, onde o tempo ainda não teve tempo de começar a existir, antes da fase densa e quente que o universo passou, denominada "Big Bang", o que temos? O que fica entre tudo o que existe e a falta disso? Tendo como pressuposto que a própria inexistência só se dá na ausência da existência, o que, de certa forma, faz com que ambas estejam em lados opostos de "uma mesma moeda". Não vou me deter a essa questão e sim no que se dá posteriormente.

Se para cada ação existe uma reação, que ação provocou a reação primeira a qual desencadeou as demais reações das reações? Que dedo empurrou a primeira peça do dominó?


Adiantando-nos um pouco mais a frente no tempo, chegando nos dias atuais, indaguemos o por quê de continuarmos reagindo. Por quê dar o próximo passo? Por que continuar no movimento? Qual o motivo último de todas as reações? Bem, há de se pensar que o motivo para a vida é a morte, assim como do ascender é o apagar, etc. O paradoxo evidencia uma verdade de razão última para todas as coisas. Ele nos mostra o repouso sobre a imparcialidade existente entre a guerra da prevalência entre os opostos, o qual podemos identificar como o motivo ou razão para os fenômenos da existência e inexistência. Dessa maneira, podemos concluir então que, talvez, o motivo inicial e último para tudo o que existe e inexiste é o retorno ao pleno, no qual não há tentativa de prevalência entre as coisas, umas sobre as outras. Um apaziguar entre as formas de expressão, seja no tempo ou no espaço; seja com emoção ou razão; consciência ou inconsciência.


Contudo, o retorno ao pleno não é possível ser feito através do consciente, ou mesmo através do inconsciente, pelo motivo de ele não comungar exclusivamente de um ou de outro, mas de ambos. É a reunião através do "retorno à mãe" de tudo, ou seja, ao que precede o motivo inicial e último da criação (do parto) de todas as coisas.

sábado, 4 de abril de 2009

Espontaneidade: Movimento & Forma

Olá amigos. Bem-vindos, mais uma vez.

Não se trata de uma maneira de se mover, mas de uma maneira de pensar.

Ter momentos de aversão com relação a coisas internas e externas a nós é natural, prender-se e manter-se de forma avessa a esses momentos é uma opção que cabe a ponderação de cada indivíduo.
Ser espontâneo é ser pura e simplesmente verdadeiro consigo. É sentir e compreender a si próprio cultivando recursos para expressar-se. É ser livre.
Percebamos, agora, o seguinte. Sendo a espontaneidade a expressão da liberdade, podemos então dizer que estarmos presos a algo é exprimir a não-espontaneidade?
É possível pensar que somos livres e mantermo-nos presos em inúmeras selas subjetivas durante uma vida inteira e nem se dar conta disso, ou ficar preso em uma sela objetiva e ser um homem verdadeiramente livre. Coisas como se prender ao clima agradável; ser um atleta de Judô, não um Ginasta, ou ser um Ginasta e não um atleta de Judô; Cantar e não Dançar, ou Dançar e não Interpretar; preocupando-se em manter um estilo de vida X. Para isso, dou o nome de forma. Enquanto mantivermos uma forma Z, não poderemos ser A, B, C, D, E, F...

A equidistância é a expressão da espontaneidade, pois somente através da não-forma podemos assumir todas as formas.

Manter-se entre as formas, permite com que transitemos através todas, sem nos atermos a nenhuma. Através dessa habilidade podemos desfrutar do curso natural das coisas sem nos apegarmos as formas. O natural não é rápido ou lento, forte ou fraco, grande ou pequeno, ele é o que é, seja lá o que for e no tempo em que tiver que ser. Para o desfrute do curso natural das coisas, dou o nome de imperturbabilidade, a qual, paralelamente, promove a manutenção de uma virtude chamada paciência.
Movimento. Bem, o movimento talvez seja o mais subjetivo e abrangente modo de se expressar. Subjetivo no que nos aponta sua abrangência e ausência de delimitação. Posso citar o movimento de idéias através de uma conversa, ou o movimento gramatical através da produção de um texto; posso citar os movimentos sonoros, que acariciam nossa audição através de uma bela música ou mesmo os mecânicos, através do deslocar do corpo de uma bailarina em um palco. Movimentos sonoros, mecânicos, ideológicos, químicos, etc., todos são movimento. No momento em que pudermos observar que o movimento não é uma coisa, ele passará a ser todas as coisas. Podemos dizer então que o movimento é livre, e que por ser livre é espontâneo. Através da espontaneidade expressa, atinge-se a verdade, a qual é objetivo último e universal.
Todos nós nos movimentamos através do auxílio de inúmeras formas, as quais nos ajudam a expressar o que sentimos, o que pensamos, etc. Contudo, quanto mais fundo mergulhamos em meio as formas, tanto mais passivos de apego a elas, estamos. E é por esse motivo que a busca da consciência plena de cada forma possui um papel fundamental, pois nos conduz por meio de um caminho livre. Não no sentido de que não tenhamos mais obstáculos pela frente, mas que esses obstáculos não serão mais motivo de impedimento.

Você está se segurando em quê?

Até breve.

domingo, 29 de março de 2009

Amoldável

Olá, amigos.

Não sei por quanto tempo manterei este espaço em plena atividade, mas não deixarei cair em abandono os que se dispuserem ao caminho reto.
O motivo da criação deste espaço é que sei que existem pessoas que buscam sair da caixa que os aprisionam. Essas pessoas sentem que algo está ali, mantendo-as de determinada forma, mas não conseguem ver que forma é essa. Minha tarefa aqui nada mais é que, através da reunião de minha ínfima experiência, promover uma reflexão aos que se propuserem para tal e mostrar que nos manter de uma forma X é uma decisão exclusiva e puramente intencional. Contudo, é preciso prudência/cautela na busca da não-forma. Alerto também que apesar de todos possuírem a capacidade de conhecerem-se plenamente, alguns temem com o que podem se deparar, o que faz com que esses se distanciem de si mesmos. Sim, o desconhecido causa medo.
Continuo meu caminho, mas hoje aprendi que o medo é um paradoxo da verdade, pois ao mesmo tempo que ele nos aprisiona na forma de mantermo-nos afastados de algo, ele nos aproxima mantendo-nos alerta e nos acautelando.

Esse é um testemunho do meu aprendizado. Acredito que outras pessoas possam se beneficiar e desfrutar do mesmo que eu me beneficio hoje.


Ingressar no desconhecido para conhecer-se.

Existe um pequeno ditado que relembro contínuas vezes. Diz o seguinte:

"No momento em que o homem descobriu o bem sob o céu, fez-se a desgraça."

Significa que no momento em que o homem descobre o que gosta e o que almeja, ele, simultaneamente, descobre o que não gosta e o que repudia. Para isso dar-se o nome de Ego, que alimentamos sem perceber. É importante, primeiramente, que tenhamos consciência da existência do ego para que possamos assim começar esse singelo trabalho de mapeamento interno e reconhecimento e do que gostamos do que não gostamos, etc. Somente após isso o treino começa.
Treino? Sim, treino. Treino nada mais é que a repetição de algo que ainda não dominamos, geralmente vinculado a técnica, a qual expressa habilidade. Nesse caso, a repetição de algo que desconhecemos se dá aquilo que repudiamos ou não gostamos, e por isso não conhecemos. Por que? Bom, porque geralmente o que não gostamos deixamos de lado ou até fugimos, não ousando nos sujeitar aquilo que, inversamente as coisas que almejamos e gostamos, supostamente desgostamos.

É preciso agir para reagir e, em seguida, agir novamente, porém, com plenitude.

Um exemplo bem interessante é o que temos quando crianças. Alguém aqui já ficou de castigo? Os que responderam sim sabem bem o que quero dizer.
Ficar de castigo nada mais é que ter de nos submetermos ao inverso do que tínhamos no cenário anterior, ou seja, enfrentar de forma obrigatória o inverso do que gostamos, no caso, do que não gostamos (ex.: ficar sem sair pra brincar com os amigos). Essa simples tarefa de ter que ficar em casa sem poder sair para ver os amigos torna-se um problema doloroso, pois criamos um laço tão forte com aquela realidade que nos foi arrancada, que é como se perdesse-mos o chão. E esse "perder o chão" é o cenário que não estamos acostumados, o cenário que não temos habilidade para saber lidar e é exatamente o que precisamos treinar.
Não sei ao certo como sei o momento de começar a treinar determinadas coisas, ou seja, me por em determinados cenários que desgosto, só sei. Mas tenho ciência de que os momentos são aqueles em que os cenários se tornam formas, as quais aparentemente não consigo me desvincular, em outras palávras, rotina (gosto de chamar isso de costume do descostume). E por esse motivo não me aprofundarei nesse assunto. Talvez mais adiante.

O início é o mais difícil, pode acreditar. Estamos em um ambiente novo que, preconceituosamente desgostamos, e quanto mais o tempo passa, mais a situação aparenta ficar cada vez pior. Nos debatemos como um peixe fora d`água, sem saber o que fazer. E é nesse momento que provamos de nossa vulnerabilidade. Esteja ciente de tudo o que acontece nesse momento, cada dor, cada grito interno de agonia. É um verdadeiro frenesi de sentimentos irracionalmente predispostos por sua aversão, e dispostos a fazê-lo desistir de continuar o treino.
Força. A força é dada pela quantidade de momentos de fraqueza que você, meu amigo, transcorreu em sua jornada. Quantas vezes nós não pensamos em desistir mas continuamos? Quantas vezes a dor lancinante de estar ali, naquele cenário, nos fez questionar se era isso que queríamos realmente? Não sinta-se orgulhoso por isso. O orgulho é uma ferramenta do ego que o não o ajudará a enfrentar esses cenários, pelo contrário, ele criará uma outra cela confortável pra você. Desapegue-se.
Tendo experienciado ambos os lados é possível desfrutar da plenitude do conhecimento que lhe foi oferecido pelas situações. Agora o agir é vazio de pré-conceitos e você tem a capacidade de se adaptar a situação. Estar na condição amoldável requer a habilidade desenvolvida por por você em sua situação de fraqueza. Manter-se na condição amoldável requer treino intenso e paciência.
Paciência é uma fruta de árvore centenária que poucas pessoas tem a chance de vê-la brotar (a maioria vai embora antes disso), mas isso é assunto para outro encontro.

Em suas críticas, fico grato se alguém se propuser a, também, dar dicas sobre o que explanar da próxima vez.

Até breve.