Campo de pesquisa

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Adapte-se

Não tenho a pretensão de ser herói de ninguém, afinal eu sangro, tenho fraquezas, sinto fome e sede e um dia vou morrer. Tão pouco ser tomado como referência, afinal sou igual a todas as gotas d`água nesse vasto mar que chamamos de humanidade, ou sequer inspiração, cada um sabe o potencial que tem e a moeda que teve que pagar (e paga) para chegar onde está. Anseio apenas ser veículo do que acredito, falando através da ação; exemplificando no concreto o que creio no abstrato.
Não obstante de minhas limitações temporais e espaciais, e no intuito de expressar efetivamente o que sou, tenho consciência da "utopia" que insisto em chamar de realidade; de busca. Minha inquietação é meu combustível mais fiel, e o sentimento, nutrido pela consciente ausência intermitente da razão, é a centelha que me mantém em movimento. Movimento esse que põe à prova tudo o que sou, maturando minha sensibilidade; evidenciando com nitidez e renovando as cicatrizes em minha honra, comprometimento e integridade, polindo minhas habilidades e me pondo continuamente face à tudo que me faz lembrar que sou humano; que sou vulnerável. O que me faz lembrar que vulnerabilidade é indubitavelmente atrelada a algo que chamam de evolução.

Não acredito que evolução seja boa ou ruim; rápida ou lenta; sua ou minha. Não acredito que o que chamam de "evolução" esteja situado no tempo ou no espaço; que tenha gênero ou cor de pele; que seja animal ou vegetal; positivo ou negativo. Acredito apenas que seja uma maneira de nos mantermos vivos (o que em breve contradirei) através da capacidade de nos adaptarmos, seja ao clima, às pessoas, aos sentimentos, aos efeitos físicos (prazer e dor), aos efeitos financeiros e a toda e qualquer circunstância que nos deparemos enquanto vida tivermos.

Não tenho dúvidas que a morte seja apenas mais um estágio de nossa constante adaptação/evolução. Adaptação essa gerada pela necessidade débil de mantermo-nos com vida.

Quanto temos medo, adrenalina é lançada em nossa corrente sanguínea, o corpo aquece e ficamos em estado de alerta, sensíveis a tudo/com os sentidos aguçados; quando sentimos frio, nossos músculos se contraem e expandem afim de aumentar nossa circulação e consequentemente aquecer o corpo; quando sentimos calor, suamos afim de nos resfriar; quando nosso corpo carece de energia ele economiza, isso é automático, é inconsciente. E quando tal economia não é o suficiente para a manutenção do mesmo, o desligamento é inevitável.

Acredito que a palavra "evoluir" seja apenas uma maneira de dizer que algo ou alguém se adaptou, ou se condicionou, a alguma coisa ou situação. Não que isso seja bom ou ruim, é apenas adaptação, a mais pura expressão da flexibilidade. Nos adaptamos tantas vezes durante nossa vida que deixamos de perceber sua ocorrência e torna-se tão evidente quanto o número de vezes que piscamos durante um dia.
Evoluímos, nos adaptamos, mudamos, nos flexionamos, nos entendemos e esquecemos, erramos e acertamos, e é isso que nos faz sermos nós mesmos.
Melhores? Piores? Hoje? Em 10 anos? Isso já não importa.

Somos o que somos, mas estamos quando devemos estar, do jeito que precisarmos estar, até quando for necessário e possível estar daquela maneira.