Campo de pesquisa

domingo, 29 de março de 2009

Amoldável

Olá, amigos.

Não sei por quanto tempo manterei este espaço em plena atividade, mas não deixarei cair em abandono os que se dispuserem ao caminho reto.
O motivo da criação deste espaço é que sei que existem pessoas que buscam sair da caixa que os aprisionam. Essas pessoas sentem que algo está ali, mantendo-as de determinada forma, mas não conseguem ver que forma é essa. Minha tarefa aqui nada mais é que, através da reunião de minha ínfima experiência, promover uma reflexão aos que se propuserem para tal e mostrar que nos manter de uma forma X é uma decisão exclusiva e puramente intencional. Contudo, é preciso prudência/cautela na busca da não-forma. Alerto também que apesar de todos possuírem a capacidade de conhecerem-se plenamente, alguns temem com o que podem se deparar, o que faz com que esses se distanciem de si mesmos. Sim, o desconhecido causa medo.
Continuo meu caminho, mas hoje aprendi que o medo é um paradoxo da verdade, pois ao mesmo tempo que ele nos aprisiona na forma de mantermo-nos afastados de algo, ele nos aproxima mantendo-nos alerta e nos acautelando.

Esse é um testemunho do meu aprendizado. Acredito que outras pessoas possam se beneficiar e desfrutar do mesmo que eu me beneficio hoje.


Ingressar no desconhecido para conhecer-se.

Existe um pequeno ditado que relembro contínuas vezes. Diz o seguinte:

"No momento em que o homem descobriu o bem sob o céu, fez-se a desgraça."

Significa que no momento em que o homem descobre o que gosta e o que almeja, ele, simultaneamente, descobre o que não gosta e o que repudia. Para isso dar-se o nome de Ego, que alimentamos sem perceber. É importante, primeiramente, que tenhamos consciência da existência do ego para que possamos assim começar esse singelo trabalho de mapeamento interno e reconhecimento e do que gostamos do que não gostamos, etc. Somente após isso o treino começa.
Treino? Sim, treino. Treino nada mais é que a repetição de algo que ainda não dominamos, geralmente vinculado a técnica, a qual expressa habilidade. Nesse caso, a repetição de algo que desconhecemos se dá aquilo que repudiamos ou não gostamos, e por isso não conhecemos. Por que? Bom, porque geralmente o que não gostamos deixamos de lado ou até fugimos, não ousando nos sujeitar aquilo que, inversamente as coisas que almejamos e gostamos, supostamente desgostamos.

É preciso agir para reagir e, em seguida, agir novamente, porém, com plenitude.

Um exemplo bem interessante é o que temos quando crianças. Alguém aqui já ficou de castigo? Os que responderam sim sabem bem o que quero dizer.
Ficar de castigo nada mais é que ter de nos submetermos ao inverso do que tínhamos no cenário anterior, ou seja, enfrentar de forma obrigatória o inverso do que gostamos, no caso, do que não gostamos (ex.: ficar sem sair pra brincar com os amigos). Essa simples tarefa de ter que ficar em casa sem poder sair para ver os amigos torna-se um problema doloroso, pois criamos um laço tão forte com aquela realidade que nos foi arrancada, que é como se perdesse-mos o chão. E esse "perder o chão" é o cenário que não estamos acostumados, o cenário que não temos habilidade para saber lidar e é exatamente o que precisamos treinar.
Não sei ao certo como sei o momento de começar a treinar determinadas coisas, ou seja, me por em determinados cenários que desgosto, só sei. Mas tenho ciência de que os momentos são aqueles em que os cenários se tornam formas, as quais aparentemente não consigo me desvincular, em outras palávras, rotina (gosto de chamar isso de costume do descostume). E por esse motivo não me aprofundarei nesse assunto. Talvez mais adiante.

O início é o mais difícil, pode acreditar. Estamos em um ambiente novo que, preconceituosamente desgostamos, e quanto mais o tempo passa, mais a situação aparenta ficar cada vez pior. Nos debatemos como um peixe fora d`água, sem saber o que fazer. E é nesse momento que provamos de nossa vulnerabilidade. Esteja ciente de tudo o que acontece nesse momento, cada dor, cada grito interno de agonia. É um verdadeiro frenesi de sentimentos irracionalmente predispostos por sua aversão, e dispostos a fazê-lo desistir de continuar o treino.
Força. A força é dada pela quantidade de momentos de fraqueza que você, meu amigo, transcorreu em sua jornada. Quantas vezes nós não pensamos em desistir mas continuamos? Quantas vezes a dor lancinante de estar ali, naquele cenário, nos fez questionar se era isso que queríamos realmente? Não sinta-se orgulhoso por isso. O orgulho é uma ferramenta do ego que o não o ajudará a enfrentar esses cenários, pelo contrário, ele criará uma outra cela confortável pra você. Desapegue-se.
Tendo experienciado ambos os lados é possível desfrutar da plenitude do conhecimento que lhe foi oferecido pelas situações. Agora o agir é vazio de pré-conceitos e você tem a capacidade de se adaptar a situação. Estar na condição amoldável requer a habilidade desenvolvida por por você em sua situação de fraqueza. Manter-se na condição amoldável requer treino intenso e paciência.
Paciência é uma fruta de árvore centenária que poucas pessoas tem a chance de vê-la brotar (a maioria vai embora antes disso), mas isso é assunto para outro encontro.

Em suas críticas, fico grato se alguém se propuser a, também, dar dicas sobre o que explanar da próxima vez.

Até breve.