Campo de pesquisa

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

10000 em 1




Chega ser cômico dizer algo como “a definição inibe a criatividade”, pelo simples fato de uma convergir na outra.

O que posso fazer, hã? Afinal, tudo o que escrevo aqui são minhas opiniões, passivas de mudança a qualquer momento. Mudança, interessante palavra. Onde não a encontramos? Em que tempo não a encontramos? Até o tempo muda. Nunca existiu antes a hora de agora, no dia de hoje, no mês que nos encontramos no ano de 2009, nem nunca existirá novamente. A mudança é eterna. Paradoxal, mas verdadeiro. E a definição, onde se encontra?

A definição é uma ilusão, uma mera criação humana para manutenção de uma lembrança a qual remete a idéia feita, previamente, sobre determinado objeto em estudo/observação. A definição, em si, não existe. O que hoje é, nem sempre foi ou continuará sendo. A criatividade é a capacidade de não definir; de não estipular forma ou idéias sobre determinado objeto em estudo. É simplesmente olhar com os olhos da essência, não da forma; é extrair todo e qualquer conceito ligado ao nome.

Se você está caminhando, não está correndo; se está escalando, não está escorregando ladeira a baixo; se está nadando, não está saltando. Mas em todo caso, você está se movimentando.

Alguns gostam de esbravejar questionando o porquê aquele ou aquele outro não se define, não se enquadra em uma idéia para que possamos trabalhá-lo/criticá-lo. É como se não bastasse ter só a pizza, você precisa saber o nome, a origem, o gosto e etc, de cada ingrediente para comê-la. Não me entenda mal. Acredito que o senso crítico seja benéfico quando amplia nossos horizontes e maléfico quando nos restringe, apenas isso.
Ao observar uma bela pintura de uma paisagem, em um quadro, vemos rios, o céu, flores, etc. Ao nos aproximar, vemos apenas o rio e o céu. Nossa visão já não alcança mais as flores em sua margem. Ao encostarmos nosso nariz, de tão próximo, já não vemos mais uma bela pintura, ou rio, ou céu, agora vemos apenas pinceladas coloridas em uma tela. Inúmeras pinceladas amórficas e multicolores, unidas por um motivo desconhecido que até então parecem mais nos levar a desorientação que deleite visual. Essa seria a sensação da definição na falta da consciência através do observar essas multiplicidades pela unidade, a qual, em meu exemplo, toma forma de uma bela pintura de uma paisagem.

A mudança é eterna; a definição temporária; a criação um estado. Ter consciência de todas as anteriores é ver o quadro de longe e o 10000 em 1.

Um comentário:

  1. Continua a questão: "quando se atém à folha, não se enxerga a árvore; quando se atém árvore, não se enxerga o bosque..." e por aí vai.

    Limitada sou, somos, mas não imutáveis. E isso faz toda diferença, independente de conceitos, idéias e concretudes. :)

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