Campo de pesquisa

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O que é Verdade?

Verdade.

Alguém já parou para pensar, se atreveu ou teve a curiosidade de se perguntar do que se trata a "verdade"? O que é verdadeiro?

De acordo com o Institudo Houaiss de Lexicografia, em seu minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa (4 Edição - 2010), a palavra Verdade está definida como "algo que está de acordo com o real; exatidão". A palavra verdadeiro vem logo em seguida e é descrita como "algo que está em conformidade com os fatos ou a realidade; palpável, verídico, incontestável, preciso".

Mas se a verdade é real, o que é Real?

Real: "próprio de realeza, rei; que tem existência palpável, concreta; existe de fato, de verdade; fato verdadeiro, realidade".

Verdade, então, pode ser compreendida como algo real, próprio de realzea, ou seja, "Estado governado por rei". Rei, em sentido figurativo, denotando um "poder supremo", um governo abrangente, uma generalidade. Dessa forma, tomamos o entendimento de verdade como uma generalidade abrangendo e governando de forma suprema no âmbito total. Neste primeiro momento, então, é possível afirmar que a verdade comunga de um poder absoluto ou soberania extrema?

Vamos reservar tais proposições e nos perguntar algumas outras coisas antes de continuarmos.

Do que se trata esse âmbito total? Seria algo relacionado ao ser humano? Há de pensarmos que não, levando em consideração que a abrangência do real é supra-humana, ou seja, vai além do que é relativo ao homem. Seria então algo relacionado ao nosso planeta, ao nosso Sistema Solar ou Galáxia?

De acordo com essas perguntas (e certamente suas possíveis respostas filtradas por inflexões) e levando em consideração a premissa que verdade é geral e abrange de forma suprema em âmbito total/universal, ou seja, onipotente, é correto afirmar que o entendimento de verdade é ubíquo ou onipresente?

Tomando a onipotência e onipresença como adjetivos pressupostos da verdade, é indispensável que façamos uma ligação com uma possível validade, a qual não se configura. Verdade não é perene nem se alterna. Rege e ordena de forma indiscriminada a validade existencial das coisas (tudo o que constitue o universo). A verdade está suspensa em âmbito atemporal e é o ente que valida o que é existente.

Logo, verdade é uma consciência perene da constituição do paradóxo. Verdade é comum nos opostos que constituem a realidade, perto-longe; existente-inexistente; amor-ódio; claro-escuco; vazio-cheio; 0-1. Realidade, regida pela verdade, é a expressão material e não-material da associação e dissociação das partículas, de ordem supra-humana, metafísica, presente em absoluto no Universo o qual ocupamos apenas uma ínfima fração. Jamais saberiamos se algo é prazeiroso sem ter tido, previamente, a consciência pela experiência (para futura comparação) da existência do doloroso e assim é para todos os opostos constituintes do universo.

Verdade é consciência da plenitude, inalienável, totalitária e assombrosamente presente em tudo o que fazemos e interagimos. Rege, com soberania extrema, sem predileções.

Verdade é criatura, criador e incriado.

Verdade é Deus e, realmente, está presente em todas as coisas.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Seja o bem que acredita e mude o mundo.

Para mudar a vida de alguém, as vezes, basta um pequeno gesto de amor, mas para mudar o mundo esse gesto de amor deve ser para consigo.


É curioso pararmos e obsevarmos essa interessante dinâmica que acontece silenciosa e sem pressa nos mais diferentes níveis de relações, durante nossa vida. Trazer o amor ou a dor para si é algo observado, e por consequência, refletido, ponderado e adotado (ou não) por nossos semelhantes. Essa é uma ferramenta forte, o bastante pra guiar alguém durante a vida. Acredito também que é o que pode mudar o mundo.


Todos, sem excessão, possuem esse "poder". A capacidade de adotar parar si atributos benéficos, mudar sua rotina de vida para melhor, retirar o que de mal lhe consome. Podemos mudar a vida de alguém fazendo algo de bom para alguém, mas podemos mudar o mundo se fizermos algo genuinamente bom para nós mesmos. De que forma? Bom, somos, no dia-a-dia, o que acreditamos. Não importa o quanto falemos que bebidas alcoólicas fazem mal, não importa o quanto contemos os malefícios que o tabaco pode trazer ao nosso organismo, o quanto ressaltemos os inúmeros benefícios que atividades físicas proporcionam ao corpo ou que a leitura de um bom livro exercita a mente, se no nosso cotidiano não agimos de acordo.


Ser o bem que acreditamos muda o mundo, repito. Essa afirmação está de acordo com uma ideologia Taoísta, Wu Wei, a qual expressa a busca pela harmonia com o caminho (Tao). O acordo entre esta afirmação e a ideologia está no que diz respeito a "ação pela não ação". Wu Wei, literalmente, significa "não agir" e também é utilizado por muitas vezes como "Wei Wu Wei", ou "agir não agindo", "agir sem agir".


Na Teologia, inspiração significa "Iluminar o espírito", o que concorda totalmente com Wu Wei. Ao pensarmos em uma situação lúdica (mas não menos possível) no qual um rapaz executa alguns passos de dança de forma apaixonada, com uma leveza tão grande que o faz parecer ser a personificação de uma brisa em uma tarde de outono. Tal façanha nos da a ideia de que a dança é algo simples, mas é o amor que o dançarino emprega em seus passos que nos faz pensar dessa forma e nos contagia em um nível tão elevado que sentimos uma vontade de tentar também. Um Esse sentimento apaixonado que o rapaz emprega em sua atividade é como um vírus contagioso, e independente de qual atividade tenha sido fomentada por tal sentimento, esse expressará facilidade e contagiará da mesma maneira.

Posso dar alguns exemplos icônicos do que quero dizer: Michael Jackson, Bruce Lee, Mahatma Gandhi, Dan Osman, Chris Sharma, Dalai Lama, Eckhart Tolle,

Jean Jacques Rousseau, Jesus Cristo, Lao Tse, Morihei Ueshiba, Jigoro Kano, Miyamoto Musashi, Antonio Vivaldi, Ayrton Senna, Pelé, enfim, posso passar bastante tempo mencionando o nome várias pessoas que souberam/sabem amar.


Wu Wei, ou seja, Agir sem agir é dar o exemplo. Quando damos um exemplo fomentado pelo amor, semeamos o mundo com amor, e isso nos possibilita mudar o mundo.


Não importa o que você faça, nem como faça, fazer com amor sincero é o mais importante. Inspire, ame.


Ossu.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O que você valoriza?

Antes de fazer tal pergunta, acredito que o mais pertinente seja perguntar: "O que é valor pra você?"

Bem, faz alguns dias que pude ter a oportunidade de refletir melhor sobre esse assunto. Oportunidade essa fomentada por algumas situações em um evento o qual participei, em Brasília - DF. O evento chamado Partour, já em sua terceira edição, reúne dezenas de pessoas afim de explorar picos de treino da região em foco e diferentes situações ao grupo de praticantes de parkour, sejam eles iniciantes ou iniciados. Fora isso, temos o parkour, como já conhecemos. E o valor, onde está? Pra falar sobre isso preciso voltar um pouco mais no tempo.

Eu, Thiago Lima, vinha treinando, já a alguns anos, com uma calça de moleton cinza comprada sabe lá onde. Essa calça, a princípio, não possuía nem uma fagulha de valor, a não ser o preço que paguei quando efetuei a compra da mesma. Após vários tipos de treino e situações diversas vivenciadas vestindo-a, algo mudou. Aquela calça já não significava mais um pedaço do meu "uniforme de tracer" e o valor pago por ela em loja estava longe de ser o mesmo. Ela já tinha um punhado de histórias a serem contadas, por rasgos, marcas de barro, pó de concreto, manchas de sangue. Aquela calça já não era mais uma calça qualquer. Ao menos para mim, ela havia se transformado em uma insígnia, uma medalha de mérito. Um exemplo tangível de dedicação, força de vontade, enfim.

Passei adiante para uma pessoa a qual ganhou minha confiança e meu respeito sincero, e que, apesar dos rasgos, sujeira e manchas acumuladas, viu naquele pedaço de pano velho um valor escondido. Esse foi meu presente, minha condecoração por mérito a um amigo.

Felizmente, outras pessoas continuaram nesse movimento, com essa atitude linda, trocando não por "rolo", mas por mérito/honra/por ter valores e princípios louváveis, algo que possuíam de "valor real".

Isso muito me recorda o ritual (tentarei ser bem sintético) que os Samurais (ao menos os que seguiam o Bushido) realizavam antes de combater. Tomavam um bom banho, vestiam roupas limpas e se equipavam com sua armadura, de maneira impecável. Faziam isso com o propósito de que, caso fossem derrotados em batalha, seu corpo tomaria forma de troféu, e a honra de ser derrotado por um oponente superior, melhor em batalha, deveria ser paga com o respeito, através de cuidados prévios ao embate. Nesse caso, o presente é o corpo, o qual carrega experiência e uma história de vida, análogo aos objetos mencionados acima.

O valor não está na quantia de dinheiro gasta pelo objeto, mas nas atribuições subjetivas agregadas somente com a experiência e tempo.

Eu gostaria de aproveitar essa oportunidade e pedir aos leitores que cuidem do que possuam de real valor, pois independente do tamanho, da forma ou do tempo de existência, o valor de tal objeto é, e continuará sendo, inestimável.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Honorabilidade adquirida.

Assunto que venho digerindo a alguns meses e, impulsionado pelo último post do decimadomuro.com, a respeito da Autoconstrução, finalmente resolvi por em palavras o que vinha pensando. Palavras também me chamaram a atenção, no texto escrito por Filipe Ramos. Duas, pra ser mais preciso, respeito e conduta. Essas duas palavras tem um peso enorme, quando visto do ângulo de quem trabalha uma postura comum a retidão.

Nesses últimos meses percebi algo simples, que venho experienciando desde quando comecei a praticar Parkour. A capacidade de cuidar do local em que se exerce algum tipo de atividade, não é inerente a pessoa que cuida, contudo, o lugar, seja qual for, possui uma discreta necessidade de respeito.

A pessoa que respeita, acredito eu, mantém algo ou alguém em patamar de igualdade, porém, essa igualdade só se dá quando, por algum motivo, o algo ou alguém torna-se parte, de alguma maneira, daquela pessoa, seja por experiência ou por convergência de ideias, por exemplo.
Não posso deixar de lado, obviamente, a capacidade contemplativa da unidade, é onde se configura um nível de consciência. Nível de consciência expresso nas ideologias do Taoismo, Budismo, entre outras.

Com os praticantes de Parkour acontece com frequência. Nós, quando começamos a treinar em um determinado lugar, ainda não nutrimos tal sentimento. Mesmo com toda a euforia do momento, não sentimos que aquele local tem um valor expressivo. O valor que o lugar tem é algo particular, excepcionalmente ligado ao indivíduo. Nesse caso, o lugar só ganhará seu "devido respeito", após um bom tempo de treino, de uso.
Não que desrespeitemos todos os lugares os quais não tenhamos tido a oportunidade de despender tempo, mas o lugar não é venerável. É apenas mais um lugar.

Assim foi, durante essas ultimas semanas, em que tenho aprendido a cozinhar alimentos mais específicos. A prática da culinária me fez valorizar a cozinha com a mesma intensidade que valorizo meus locais de treino.
E se expandirmos essa consciência de uso, tomando todo o "uso"
como experiência, e se levarmos em consideração que a experiência que temos é algo íntimo nosso, algo intrasmissivel, então podemos criar uma conduta de respeito
a basicamente tudo. Tal conduta de respeito se configura em uma postura, uma postura que revela, mesmo que implicitamente, consciência. A consciência que fazemos parte de tudo, e que tudo faz parte de nós.

Lembra das marcas que ficaram na grama depois das centenas de repetições de flexões? Ou das marcas de sangue no muro daquele lugar em que você ia treinar sozinho? Ou daquela árvore que ajudou a plantar quando criança, junto de seus pais? Ou daquele desenho que você fez o qual você mesmo achou extraordinário e não deixava ninguém pegar no papel pra não amassar? Ou daquela coisa que você despendeu tempo o suficiente pra preenche-la com um valor que só você consegue saber? Lembra?

Independente da postura tomada, absolutamente todas as coisas merecem respeito. Ter consciência disso é um momento; manter-se consciente a respeito disso, é um exercício.